Todos sabemos que o turismo tem vindo a crescer a nível mundial. Infelizmente os esquemas para enganar viajantes também. Não há país do mundo que não padeça deste mal. E fora da nossa zona de conforto já se sabe que basta um pequeno descuido para nos tornarmos em mais uma das vítimas destes mafiosos do turismo.

E sejam eles esquemas simples ou mais sofisticados, a verdade é que estamos todos sujeitos a eles. Por muita experiência que se tenha em viagens é praticamente impossível escapar a todos os “scams”, até porque os artistas do gamanço são dotados de muita criatividade.

Nós não somos exceção. Apesar de andarmos sempre de olho aberto já caímos em alguns esquemas turísticos, e só não caímos em mais porque estudamos sempre quais são os esquemas comuns para enganar viajantes nos países que visitamos.
Esquemas para enganar Viajantes

Baseado na nossa experiência, compilamos alguns dos esquemas mais comuns usados para enganar viajantes a nível mundial e partilhamos algumas dicas para os evitarem. Acreditamos que a divulgação destes esquemas para enganar viajantes é meio caminho andado para evitar que cada vez mais pessoas caiam nestas artimanhas, que por si só conseguem transformar em pesadelo qualquer viagem de sonho.

Utilizem este artigo como ponto de partida para fazerem o vosso trabalho de casa antes de viajar. Nunca se esqueçam que conhecimento é poder. Quanto mais informação tiverem sobre estes esquemas para enganar turistas, mais chances têm de se livrar deles.
Taxímetro acelerado

Este é um dos esquemas clássicos para enganar viajantes e não há nenhum país do mundo em que estejamos a salvo dele. Como o próprio nome indica, o esquema consiste em acelerar o taxímetro, por vezes descaradamente. Na prática implica que, na melhor das hipóteses, vão acabar por pagar duas ou três vezes mais o preço justo pela viagem. Na maioria das vezes os taxistas que recorrem a este esquema atuam junto aos aeroportos, estações de comboios, terminais de autocarros e atracções turísticas muito populares.

Não há uma fórmula mágica para contornar este esquema. Em países em que seja usual negociar de antemão a tarifa de táxi, como seja a Índia e o Sudeste Asiático, o melhor mesmo é fixar um preço antes de iniciar a viagem, mesmo que o taxista se ofereça para usar o taxímetro. Nos restantes países em que tal não seja possível, o melhor a fazer é saber de antemão qual a bandeirada dos táxis e estar de olho no taxímetro (a maioria dos guias de viagem contém essa informação, assim como uma estimativa do custo das viagens de táxi mais usuais para uma dada cidade). Se vir que o taxímetro está em alta rotação, tente pôr um termo à viagem o mais rapidamente possível e ameace chamar as autoridades.

Já estivemos nesta situação inúmeras vezes, a última das quais em Buenos Aires. Nesse caso específico, após cinco minutos de viagem já o taxímetro marcava o dobro do valor que esperávamos no final da corrida. Quando vimos que o táxi atravessava uma zona relativamente segura, pedimos para parar e confrontámos o taxista, pedindo-lhe a identificação e ameaçando que chamávamos as autoridades. Com isso conseguimos evitar o pagamento da exorbitante quantia.
Hotel sobrelotado/fechado

Este é outro dos esquemas para enganar viajantes mais velho que a Sé de Braga e, regra geral, também é levado a cabo pelos taxistas. Quando está a caminho do seu hotel o taxista alega que o mesmo está fechado ou que já está cheio.

Para que acredite nele costuma telefonar para o hotel em causa e passar-lhe o telefone para que fale com o rececionista. Escusado será dizer que do outro lado da linha não está o rececionista do seu hotel, mas sim um parceiro no crime. O objetivo dos burlões é levá-lo para um outro hotel, usualmente com péssimas condições, onde vão receber uma choruda comissão.

Já por várias vezes nos tentaram burlar com esta, mas felizmente nunca caímos nela. Para evitar ser vítima desta fraude o melhor mesmo é ter consigo o número de telefone do hotel e no caso de ficar na dúvida ligar para lá. Nós quando chegamos a horas tardias ao local de destino, e o nosso alojamento disponibiliza um serviço de pick-up a um preço acessível, regra geral acabamos por recorrer ao serviço do hotel. Usualmente paga-se um pouco mais, mas a segurança é significativamente maior.
Negócios da China

Se ao entrar numa loja lhe oferecerem um negócio irrecusável é melhor pensar duas vezes. É quase certo que não é nenhum negócio da China, mas sim mais um esquema para enganar o incauto (e neste caso ganancioso) viajante.

Regra geral oferecem pedras preciosas, antiguidades raras ou artesanato exótico. Os preços são acessíveis ou mesmo uma bagatela e como tal a margem de lucro, ao vender o material no seu país de origem, seria o suficiente para lhe pagar as férias.

Resista à tentação! Os artigos oferecidos são quase sempre falsos ou com um valor comercial muito abaixo daquilo que lhe estão a pedir. Nos casos em que os artigos são volumosos, como é o caso dos tapetes, tudo fica tratado para que receba os mesmos em sua casa. Escusado será dizer que nunca mais os vai ver!
Polícias falsos

Este é um dos esquemas para enganar viajantes mais perigoso do mundo. O esquema dos polícias falsos acontece sobretudo nas grandes metrópoles, sobretudo na América Latina. Inicialmente a pessoa é abordada por um qualquer transeunte (muitas vezes por um estrangeiro) e posteriormente por dois indivíduos de uniforme que alegam ser polícias. Regra geral alegam que o indivíduo com quem o turista estava a falar está envolvido numa atividade ilícita (usualmente ligada ao tráfico de drogas) e como tal exigem revistar as mochilas, e ver a carteira e o passaporte do viajante. Se lhes for entregue o pretendido, alegam que vão verificar com um carro patrulha ou que vão à esquadra e desaparecem com os pertences do turista.

O pior cenário é quando insistem para que o turista os acompanhe à esquadra entrando numa viatura. Nesse caso o risco do turista vir a ser raptado é enorme. Em La Paz, na Bolívia, este esquema já conduziu ao espancamento e até mesmo morte de vários viajantes. Durante a nossa estadia em La Paz, no ano passado, um casal de turistas foi raptado e espancado usando este método. Por isso muito cuidado!

Para evitar esta situação o melhor mesmo é nunca entregarem nem a vossa carteira nem os vossos passaportes a polícias que vos abordem na rua. Levem convosco o número de telefone da polícia local e ameacem ligar para a esquadra para confirmar a sua identidade. Aleguem também que têm os vossos valores e documentação no hotel e que se quiserem ter acesso a ela que podem caminhar convosco até lá ou até à esquadra. Nunca saiam de locais públicos na companhia destes indivíduos e nunca entrem em nenhuma viatura, mesmo que aparente ser um carro de polícia verdadeiro.
Cartões de Crédito

Este é um dos esquemas para enganar viajantes mais comuns do mundo. Tentativas de burla com cartões de crédito é quase o pão nosso de cada dia quando se está em viagem. Temos dezenas de amigos que já viram os seus cartões clonados nos mais variados sítios, desde hotéis de luxo a conceituadas agências de aluguer de automóveis.

Felizmente nunca tivemos esse infortúnio, não porque tenhamos mais sorte do que os outros, mas simplesmente porque evitamos a todo o custo utilizar cartão de crédito em viagem. Esta decisão já nos levou a ter de deixar avultadas cauções em dinheiro em alguns hotéis. Mas preferimos jogar pelo seguro!

Para evitar dissabores o melhor mesmo é minimizar a utilização do cartão de crédito (alugar carro e reservar hotéis online é uma excelente alternativa). Quando tem mesmo de o usar, não lhe tire os olhos de cima. Um momento de distração é quanto basta para estes artistas lhe clonarem o cartão.

Outra dica relacionada com os cartões: nunca levante dinheiro em ATM´s portáteis como as que se encontram nas bombas de gasolina, supermercados e afins. Usualmente estas caixas têm pouca vigilância e são usadas pelos bandidos para clonar cartões. Opte por levantar dinheiro nas caixas dos bancos, de preferência as que têm bastante movimento. Assim finta mais um esquemas para enganar viajantes.
Menus falsos de entrega ao domicílio

Muitas vezes quando chegamos a um quarto de hotel encontramos uns menus de entrega de comida ao domicílio que foram sorrateiramente enfiados debaixo da porta. Quando assim é, usualmente estamos perante mais um dos esquemas para enganar viajantes.

Regra geral os preços são muito mais económicos do que o “room service” e como tal é perfeitamente normal uma pessoa sentir-se tentada, sobretudo se tiver acabado de chegar de uma viagem longa e cansativa. O truque é tentarem ficar com os dados do seu cartão de crédito pelo telefone. Por isso se recorrer a um destes serviços e lhe pedirem o número do cartão o melhor mesmo é desligar e ligar de seguida para o “room service”… isso ou ir comer fora.
Esquema de aluguer de Mota

Alugar uma mota é uma das melhores alternativas para se conhecer o countryside de forma independente, divertida e relativamente económica. Na Índia e no Sudeste Asiático então é extremamente popular e a grande maioria dos viajantes independentes acaba por alugar uma durante um par de dias. Não é por isso de estranhar que exista um “scam” associado.

Regra geral o esquema consiste em danificar a mota durante o período em que a mesma está alugada e cobrar uma exorbitância pelo arranjo, usualmente numa oficina de um amigo. Este esquema acontece sobretudo quando se aluga mota para mais de um dia. Os burlões costumam perguntar onde o viajante está alojado e aproveitam a noite para danificar a mota.

Mesmo no caso de alugar só por um dia não está livre deste esquema, pois muitas vezes é seguido após o aluguer e aproveitam os momentos em que está afastado da mota para a avariar ou até mesmo roubar.

A melhor forma de se proteger contra este esquema é tirar fotografias da mota antes de fechar o negócio, usar sempre o seu próprio cadeado e mentir sobre o local onde está alojado. Se tiver mesmo um acidente, ou se lhe danificarem a mota, opte por ir você mesmo tratar do assunto, até porque nestes países o que não falta são pequenas oficinas onde pode reparar a mota por um preço aceitável. Garantimos que vai sair mais barato!
Wi-Fi Spots Falsos

Nos dias que correm a maioria dos viajantes anda sempre à procura de um Wi-Fi spot. Não demorou muito tempo para os mafiosos se aproveitarem desta necessidade e se tornar em mais um dos esquemas para enganar viajantes.

O truque passa por colocar wifi hotspotsabertos em locais públicos, como sejam aeroportos, estações de comboios, cafés, restaurantes, hotéis ou centros comerciais. Usualmente o nome desses hotspots é similar ao nome dos hotspots verdadeiros e como tal os viajantes nem suspeitam (berlinairport01 em vez de berlinairport ou pizzahutfree em vez de pizzahut). Ao acederem a estas redes os criminosos obtém acesso ao vosso computador ou smartphone e conseguem roubar os vossos dados pessoais como sejam passwords, contas online, etc.

Para evitar cair neste esquema o melhor é perguntar sempre qual é a rede oficial do estabelecimento e a respetiva password. Se não pedir password, é regra geral um hotspotfalso. Considere também usar um VPN para encriptar a sua atividade online. No que diz respeito a ligações de internet publicas todo o cuidado é pouco!
Bilhetes falsos de transportes públicos

Se alguém se oferecer para lhe vender um bilhete de autocarro ou de comboio com um desconto significativo, ou para evitar uma enorme fila, desconfie (na China e na Índia é muito usual). Não há almoços grátis e o mais certo é acabar com um bilhete falso na mão ou, na melhor das hipóteses, a viajar sentado no chão de um qualquer autocarro desconjuntado. Evitar este “scam” é fácil. Basta comprar sempre os seus bilhetes online ou nos locais oficiais e está a salvo de mais um dos esquemas para enganar viajantes.
Tours Baratos

Este é um dos esquemas para enganar viajantes que é mais chato do que perigoso. Se um tour parece bom e barato demais para ser verdade, regra geral é porque não é verdade. Um tour barato é quase sinónimo de passar o dia, não a ver os fabulosos highlights descritos no roteiro, mas sim a visitar um sem número de lojas e oficinas de artesanato a preços hiperinflacionados. Além de perder um dia de viagem (ou parte dele) vão passar o tempo a pressioná-lo para que compre o dito artesanato (que na maioria das vezes não passa de material contrafeito). Resumindo e concluindo, o tour bom e barato acaba por ser horrivelmente mau e caro.
Notas Falsas

Este é um dos esquemas para enganar viajantes que é movido pela ganância do próprio viajante. Afinal de contas todos sabemos que trocar dinheiro no mercado negro é, para além de ilegal, extremamente perigoso. Mas há países, como seja a Argentina, em que a cotação oficial da moeda face às principais moedas é quase o dobro no mercado negro que nas casas de câmbio oficiais. Neste caso é difícil não cair na tentação até porque o nível de vida está ajustado ao câmbio paralelo e não ao câmbio oficial.

Nós arriscamos fazê-lo precisamente na Argentina e o conselho que damos a quem optar por fazer o mesmo é efetuar o câmbio no local onde se alojar e sempre em pequenas quantias. Na rua propriamente dita, ou em casas de câmbio de aspeto duvidoso, vão oferecer ainda uma taxa de câmbio melhor, mas na maioria das vezes colocam um par de notas falsas como brinde. E nesse caso vai perder mais do que o que ganha.
Atracções Fechadas

Se um indivíduo local, que nem de propósito fala bem inglês, meter conversa consigo para lhe informar que a atracção turística para onde se está a dirigir está fechada, regra geral está perante mais um dos esquemas para enganar viajantes. A ideia é levá-lo a visitar outra atracção similar, onde lhe será cobrada uma entrada exorbitante.

O local onde fomos mais melgados com este esquema foi em Banguecoque. E todos os monumentos que queríamos visitar estavam afinal abertos. Para evitar este “scam” basta não ir na conversa. O pior que pode acontecer com esta atitude é vir a descobrir que afinal o monumento que queria visitar estava mesmo fechado e que afinal a pessoa só estava mesmo a tentar ser prestável.
Visitar escolas, orfanatos e afins

Um dos esquemas para enganar viajantes muito comum no Sudeste Asiático é levar os viajantes a visitar escolas e orfanatos onde podem fazer um par de dias de voluntariado. Usualmente é pedido dinheiro, alegadamente para cobrir as despesas de alojamento e alimentação, ou então pressionam os generosos viajantes a comprar material escolar e afins, para oferecer às crianças.

Existem efetivamente oportunidades de voluntariado verdadeiras mas há muitas que não passam de um esquema para extorquir dinheiro. Quando assim é as escolas e os orfanatos são falsos e as crianças que lá estão limitam-se a representar um papel (na maioria das vezes de forma coersiva). Se quer fazer voluntariado ou fazer uma doação, faça o seu trabalho de casa e recorra sempre a instituições oficiais. Não alimente esta exploração infantil!
Companhia para os copos

Este é mais um dos esquemas para enganar viajantes extremamente comum, e que tem como alvo preferencial os viajantes solitários. O viajante é usualmente abordado por um atraente nativo do sexo oposto, com a desculpa de praticar o seu inglês ou algo similar. A conversa vai-se desenvolvendo e acaba com um inevitável convite para ir beber um copo a um lado qualquer.

Após as bebidas pedidas das duas uma: ou a sua companhia vai à casa de banho e desaparece deixando-lhe uma avultada conta para pagar (escusado será dizer que o preço das bebidas está hiperinflacionado) ou, no pior cenário, colocam-lhe algo na bebida para o adormecer. Muito cuidado! Neste último caso acaba seguramente sem os seus pertences e pode até dar-se o caso de ser raptado ou violado.

No caso de aceitar o convite de um estranho para ir beber um copo confira sempre o preço das bebidas antes de as pedir e nunca deixe a sua companhia ir buscar as mesmas. Jogue pelo seguro e consuma algo engarrafado, aberto à sua frente. Há mais vítimas deste esquema para enganar viajantes do que se imagina!

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