Poema em linha reta
Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)
Nunca conheci quem tivesse levado .......................
Todos os meus conhecidos .............. sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes ................, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente ...................,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, ...................., submisso e arrogante,
Que tenho sofrido ...........................e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de .............,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido ......................sem pagar,
Eu, que, quando a hora do .............. surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do .................;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu ..................,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma ...................;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então ....... ....... eu que é vil e erróneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido ................- mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido ...............,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido ....................... e infame da vileza.
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