O verbo coisar, pelo menos em Portugal, é dos mais úteis que há. E a sua utilidade prende-se, obviamente, com a fantástica versatilidade do substantivo coisa, que por ser tão versátil se usa também no masculino, pois há coisas e coisos, dependendo, claro, do que se pretende designar, em cada caso. Quando no discurso (convém que seja oral) optamos por fazer uso da coisa, a indeterminação daquilo que se pretende designar pode estar relacionada com a intenção de não explicitar o que é, ou quem é («tenho uma coisa para ti»), mas sente-se sempre a enorme vantagem que essa mesma indeterminação representa, dado que as coisas nem sempre são fáceis de definir, sobretudo quando temos de nos exprimir depressa.
No nosso quotidiano linguístico, uma coisa pode ser um objecto, uma ideia, um sentimento, uma criatura animal, vegetal ou mineral. Pode designar tanto uma ferramenta («onde é que está aquela coisa para abrir tampas de frascos?»)
como uma pessoa de cujo nome não nos lembramos («Hoje vi a coisa... a...a Simone!»),
uma dor («sinto uma coisa esquisita aqui»),
uma atitude («foi uma coisa parva o que fizeste»),
um assunto («falemos de coisas sérias»),
ou mesmo uma acção que cabe ao ouvinte decifrar, de acordo com o contexto, a expressão facial de quem utiliza a expressão, o seu tom de voz e sabe-se lá que outros sinais («e depois eles... coiso!»).
Ora, era de prever que, com tanta coisa que a coisa pode significar, o verbo coisar havia de revelar-se útil em muitas situações. (...)
Se vem ou não no dicionário que consultamos, pouco importa. No da Academia das Ciências de Lisboa, como é de esperar, está contemplado. É para usar em registo popular e significa, antes de mais, «fazer reflexões», o mesmo que matutar, pensar. Segundo a mesma fonte, é no Brasil que coisar tem o sentido de «preparar ou fazer alguma coisa». (...)
Ora, era de prever que, com tanta coisa que a coisa pode significar, o verbo coisar havia de revelar-se útil em muitas situações. (...)
Se vem ou não no dicionário que consultamos, pouco importa. No da Academia das Ciências de Lisboa, como é de esperar, está contemplado. É para usar em registo popular e significa, antes de mais, «fazer reflexões», o mesmo que matutar, pensar. Segundo a mesma fonte, é no Brasil que coisar tem o sentido de «preparar ou fazer alguma coisa». (...)
E agora, se não se importam, vou coisar esta coisa, porque tenho de coisar um coiso antes que fique coisado!
Este texto não segue o Acordo. O texto completo em:
http://linguamodadoisec.blogspot.com.es/2010/09/coisa-coiso-e-coisar.html
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